Marcelle Paganini

Novas experiências: Sobre as mentiras que os filhos contam para os pais ao longo da juventude.

 

Seja para início de vida sexual, relacionamentos, baladas, encontros com amigos e até viagens. Muitas experiências novas geram medo e discordância entre pais e filhos. Em uma matéria que saiu no Jornal a Tribuna de hoje (28/04), fui entrevistada e dei os seguintes posicionamentos:

No meu consultório já experienciei diversos comportamentos nos jovens, sempre com algum ponto de diferença, mas no geral a maioria sente-se em algum momento incompreendido, não ouvido e as vezes contrariado. Em alguns casos realmente é pertinente a falta de diálogo e compreensão, mas muito desse sentimento é maximizado pela falta de maturidade e pouca vivência.

As mentiras dependem de qual ponto se tem uma discordância com os pais.
Por exemplo, um jovem que sabe que seus pais não aprovam determinados tipos de baladas, utiliza-se da mentira para fazer o que quer. Ou seja, a mentira é utilizada justamente para a situação em que o jovem foi proibido ou desaprovado de ir ou fazer e isso depende muito da cultura familiar em questão.

As principais justificativas para essas mentiras são sempre a respeito do desejo do jovem contra a proibição dos pais. O sentimento atrelado a esse impasse é geralmente de medo, seja da punição ou até de decepcionar os mesmos. Alguns jovens apresentam um desejo também de desafiar os pais, para testar os limites dos pais ou até deles mesmos. Mas este tipo de situação é mais incomum e encontrada como consequência de algum transtorno ou desordem emocional.

Normatizar mentiras é um caminho muito perigoso e infelizmente é algo bastante comum, o que não deveria ser. O maior alerta é a alteração brusca de comportamento, por isso o importante é ter sintonia, diálogo e um acompanhamento próximo dos pais em relação à rotina do filho.

As mentiras, mesmo que pequenas, podem gerar muitos prejuízos que vão desde o abalo na relação pais e filhos até uma consequência mais grave, como ser vítima de alguma situação ruim por conta de nenhum familiar saber onde e com quem o jovem esteja ou conviva.

A mentira em qualquer relação é prejudicial, inclusive entre pais e filhos. Elas podem gerar desde desconfianças até um afastamento emocional mais sério. A transparência e o diálogo são sempre os melhores caminhos, seja dos filhos para com os pais e vice versa.

Um sinal de que as mentiras estão fazendo mal é aquela sensação que alguns pais tem de que quanto mais o tempo passa, menos tem conhecimento sobre o filho, suas atitudes ou reações começam a causar estranhamento ou até medo. Outro sinal é perceber que nada do que o filho fala ou faz gera confiança.

Dito isso vem a pergunta, e como manter uma relação saudável com meu filho para que ele não minta para mim?

A questão principal é o exemplo. Se o pai não tem costume de mentir, maquiar ou manipular situações no dia a dia fica muito mais fácil passar confiança a seu filho.

Outra atitude muito importante é deixar um pouco as reações viscerais de lado e se mostrar o mais compreensivo e aberto possível, pois independente de reações ruins o jovem tem uma pulsão de desejo muito forte e acaba seguindo esse sentimento.

Portanto o melhor cenário é onde o jovem encontra diálogo aberto e sente-se aceito pelo que é sem julgamentos.

Outra dica que tem funcionado bastante para alguns pais é deixar um pouco as expectativas de lado e procurar compreender os sentimentos e as atitudes dos filhos, por mais que o que ele fale ou faça não seja bem o que foi almejado, muitas vezes apenas com esse posicionamento as relações familiares são transformadas e inclusive expectativas acabam sendo superadas. Uma liberdade com limites claros, concisos e justos é o ideal.

A matéria completa que saiu no jornal, com a pesquisa, a minha opinião e a de outros profissionais está na minha página do facebook.
http://facebook.com/faceanima

Até o próximo!
Marcelle Paganini

Tags:iniciação sexual, juventude, mentiras na adolescência, mentiras que os filhos contam, pais e filhos, sexualidade adolescente

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