30 outubro
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8 Hábitos de Autoconhecimento para começar hoje

Por Marcelle Paganini (@marcellepaganini)

A jornada do autoconhecimento não é fácil, mas é extremamente recompensadora. Vamos dar uma olhada em algumas práticas que você pode integrar em sua vida.

Autorreflexão

Uma prática diária de reparar nas próprias atitudes e comportamentos é o primeiro passo para o autoconhecimento. Para ser mais efetivo, escreva em um diário, de papel ou digital, e de tempos em tempos revise. Você vai se surpreender o quanto é capaz de se perceber e mudar sua visão de si através da observação. Consequentemente, muita coisa automática que você não aprova, poderão deixar de acontecer somente por torná-los palpáveis.

Limites entre áreas

A vida profissional invade muito a nossa vida pessoal, principalmente quando temos tudo no mesmo celular. É importante delimitar tempo e espaço para cada área da vida, caso contrário, o que apresentar mais urgência irá consumir mais. E convenhamos, o trabalho consegue ocupar facilmente as outras áreas. Delimitando você consegue explorar sua identidade dentro de vários contextos.

Ter Planos

Já dizia o coelho de Alice: para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve. Muitas pessoas não fazem planos por medo de se frustrarem. Mas acontece que um plano ativa nossa auto observação e nos dá um norte nos momentos de piloto automático. Por mais que no meio do caminho os objetivos possam mudar, os planos serão sempre a nossa maior escola de autoconhecimento. Pois é tentando que se aprende.

Diálogo Aberto

Comece a falar, com as pessoas próximas, sobre o que deseja delas sem medo do que vão pensar. Por mais que a princípio você possa sentir inadequação. A mente não lida bem com incoerências, então aquilo que você fala deve ser o que está na sua mente (ou como dizem, no coração). Não estou falando de ser um mala exigente e inconsequente, mas de ser honesto e de saber expressar seu verdadeiro eu, com você e com os outros.

Atenção Plena

Um dos princípios do mindfulness, uma ferramenta comportamental, é a atenção plena. Não há nada que atrapalhe mais o autoconhecimento do que lotar o cérebro de referências e comparações picotadas. Faça uma coisa por vez sempre. Dedicando foco total. Quando estiver conversando com alguém, apenas converse. Quando estiver fazendo autorreflexão, apenas faça isso. Não é fácil, mas não focar impede que você se conheça.

Leia

A leitura é um mergulho na sua mente. E não precisa se cobrar em ler apenas livros técnicos ou de conteúdo. Um romance leve também faz o mesmo efeito. Quando lemos, nossa mente se concentra em dar sentido e criar os cenários de acordo com o que temos de material disponível dentro dela. E olhar para essas referências, lindando com seu pensamento extremamente imerso na leitura, produz um autoconhecimento fenomenal.

Ouça críticas

Temos um medo absurdo de sermos criticados. E isso é reflexo da nossa cultura imediatista e superficial. Como você não quer ser “igual que nem” todo mundo, mude sua percepção sobre isso. Ao receber uma crítica, agradeça e use como material de auto análise, até em terapia. Alguma coisa ali vai te sinalizar aspectos de do seu eu que você nem sonhava. A partir daí você consegue se entender melhor, internalizar o que cabe e jogar fora o que não serve.

Fique Sozinha

Reservar um tempo para fazer algo consigo mesmo é assustador para muitas pessoas. Mas é impossível o autoconhecimento sem estar pelo menos um tempinho a sós consigo mesmo. Comece estando um tempo no seu quarto, depois amplie. Normalize ir a uma praia, praça, parque, shopping sozinho. Quem sabe uma viagem. Seus pensamentos irão dizer: oi sumida! Como é bom ter você aqui conosco.

Se tudo isso é muito difícil para você fazer sem ajuda, considere fazer terapia. A base de qualquer processo psicoterapêutico é o autoconhecimento. Quem se conhece vive substancialmente melhor do que quem apenas reage à vida. Se cuide!

Por Marcelle Paganini (@marcellepaganini)

23 fevereiro
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Emoções: para lidar com elas, permita-se senti-las

Um aspecto muito curioso sobre as emoções é que quanto mais desejamos não senti-las, mais elas afloram, mais elas querem sair. Te explico.

Já reparou que somos seres que vivemos de ciclos? O sono é um bom exemplo. Ficamos um tempo acordados, a energia do corpo vai acabando e dormimos. Neste momento de sono, o cérebro inicia uma espécie de faxina, com bastante água (líquor) a fim de consolidar o aprendizado do dia e renovar as baterias para o dia seguinte. Não é à toa que se chama ciclo circadiano.

Qualquer outra questão na nossa vida também precisa de ciclos. Em proporções às vezes menores, outras maiores, mas pode reparar, precisamos dos ciclos. E, na área emocional, não é diferente. Uma emoção quando disparada pela nossa mente, é uma resposta a alguma coisa que está acontecendo ou que, pelo menos, achamos que esteja acontecendo. Essa emoção precisa achar um lugar para cumprir o seu ciclo.

Vamos usar como exemplo a tristeza.

Digamos que você passou por uma situação que te provocou tristeza no trabalho. Tal situação foi o gatilho externo e a resposta emocional foi o sentimento de tristeza (resposta interna). O curso natural dela é ser expressada de alguma forma, seja chorando, ficando em quietude, escrevendo um e-mail dizendo como se sente e por aí vai. O tempo que leva para a emoção ser dissipada depende do tamanho do tamanho do impacto que causou e como causou. Terminado o ciclo, ela segue seu caminho de onde veio: para fora.

Agora digamos que você não acha legal ficar triste por esse tipo de coisa. Você pode criar mecanismos de fingimento, pode tentar “engolir” o que sente, dentre outras estratégias. Assim, você estará quebrando o ciclo da emoção. Neste cenário, quanto mais o tempo passa, mais aquilo ali cresce, inflama, apodrece e toma proporções imensas até conseguir sair. Mas neste caso, a questão já tomou uma forma tão estranha, que  você não sabe mais de onde veio e nem para onde vai, aumentando as chances de um descontrole.

Claro que você pode esperar chegar em um lugar ou estar com pessoas que vão te entender , para se permitir sentir e expressar o sentimento. Mas pense que se você guardar a emoção por considerá-la sem importância, com o tempo, o que era apenas algumas horas no colo de alguém,  pode virar muitas lágrimas “sem motivo”, por dias a fio ou até se transformar em sintomas patológicos: a famosa somatização.

Lidar com emoções não é tarefa tão simples como estou ilustrando, mas o princípio que as rege, de forma resumida, é assim. E você compreendendo isso se torna capaz de administrar qualquer emoção de forma muito fluida e realista.

Toda emoção merece atenção!

Estamos vivendo micro-ciclos o tempo todo e aquele que não é fechado, é contornado, e contornos podem não te levar a lugar nenhum. Já tentou contornar um local com várias vias fechadas? No caso das emoções você nunca chega no destino, está sempre dando voltas. E não pense que isso só acontece com emoções consideradas ‘ruins’  pelo senso comum. As emoções queridinhas, como alegria, paz, euforia devem também receber a dádiva do fechamento de seus ciclos. Está feliz? Expresse!

A emoção é o que nos faz humanos. Compreender e conviver com elas de modo saudável, torna a vida muito mais leve. Aliás, saúde mental é a maior riqueza que você pode dar  a você e para quem você ama.

Emoção é o que nos faz humanos

Qual a forma mais saudável de dar vazão às emoções?

Perdoando!  É se punir menos e e ser mais compreensivo consigo. E isso é diferente de ter indisciplina, de ser despreocupado, pelo contrário, te torna mais inteligente,  emocionalmente falando. É pegar leve com você, por mais que tenham te ensinado ou exigido o contrário.

Dar vazão é diferente de agir por impulso ou largar a consciência de lado, longe disso. Não devemos confiar cem por cento nas emoções. Elas nos dão indícios, elas querem cumprir o ciclo, mas quem decide e age somos nós. Por isso saúde emocional produz saúde emocional e o contrário também (mais um ciclo aqui ó)!

Por essa razão,  quando uma emoção que você, na sua consciência, considera indesejável, aparecer, experimenta olhar para ela. Não empurra e nem tente não sentir pois, nesse caso, ela vai dar uma volta e reaparecer. Veja para onde ela quer ir, o que ela quer dizer, onde precisa de amparo, de conserto ou de acolhimento. Tenho certeza que você vai iniciar um novo relacionamento com você e seus sentimentos.

Vou fechar esse texto com a frase de um quadrinho aqui do meu consultório: “Amar a si próprio é o início de um romance para a vida toda”. Não conheço o autor, mas ele foi perfeito na colocação. Quem se ama, se aceita! Bora aceitar seus sentimentos e fazer cumprir os ciclos?

Obrigada e até o próximo texto.

 

9 fevereiro
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Será que as borboletas no estômago estão morrendo?

Aquele frio na barriga a cada mensagem, as borboletas no estômago a cada beijo… O início de um relacionamento é sempre muito apreciado.

Um boom de dopamina pelo que aquele relacionamento poderá ser,  explica bem o misto de sensações que temos ao começar a se relacionar com alguém apaixonadamente.

O senso comum prega que isso é só no começo mas os casais apaixonados insistem que vai ser para a vida toda. O fato é que esse frenesi todo reduz ao longo do tempo pois, com a convivência, as coisas vão se tornando menos “emocionantes” e mais racionais.

Mas o que faz alguns casais continuarem juntos e se declararem apaixonados  e outros seguirem rumos separadamente? Será que alguns casais matam as borboletas do estômago?

Na verdade, um erro comum é apostar nas borboletas para medir uma coisa que não é mensurável através delas. O que chamamos de borboletinhas, nada mais é do que um mecanismo da natureza para juntar duas pessoas (mesmo cientificamente ainda não sendo um consenso do como e do porquê disso acontecer) . Do mesmo jeito que uma semente cai no chão e vira outra planta, a paixão faz dois seres humanos quererem copular. Isso falando de mecanismo da natureza e não de questões sociais que salpicamos ao longo do tempo. Isso é assunto para outro papo.

O que sabemos é que os efeitos de algumas paixões são análogos a vícios ou até intoxicação, então, é esperado que as borboletas parem de bater asas feito umas desvairadas ao longo do relacionamento. Elas amadurecem e começam a ficar contentes e seguras. Em uma relação saudável chamamos de amor, mas pode ter o nome que o casal preferir, vou chamar de amor para simplificar a compreensão do texto.

Saber compreender que a quietude das borboletas, requer maturidade

Saber compreender que a quietude das borboletas, ou seja, a ausência daquele sentimento do início, requer maturidade e, não necessariamente, significa uma falta de amor. Se a pessoa não for emocionalmente saudável ela pode estar diante do que comumente chamamos de “amor da sua vida”, mas não vai conseguir seguir após a intoxicação da paixão passar. Simplesmente por estar com foco em algo que é uma fase.

Não quer dizer que uma relação madura e amorosa é chata e sem tesão. Longe disso. Mas ela se torna uma construção mútua e não mais um simples sentir e viver provocado pela nossa natureza. Aí entra a nossa inteligência, valores e tudo mais que acreditamos.

Uma armadilha comum das borboletas é fazer a gente acreditar que estamos diante da pessoa que vai ser aquela que esperamos que seja e quando elas se acalmam, não era nada daquilo. É por isso que muitos se tornam prisioneiros do passado ou até de uma ilusão criada por eles mesmos (parafraseando Marília Mendonça: me apaixonei pelo que eu inventei de você).

Falo a todos meus pacientes: relacionamento é para os fortes. Devemos curtir e saborear a temporada das borboletas no estômago e depois que ela passar, devemos ter maturidade e sensatez para enxergar a pessoa que está ali conosco. Sermos honestos a ponto de saber se é válido ou não seguir aquele caminho. Temos borboletas amadurecidas ou elas foram apenas brincalhonas com a gente?

Só com saúde e preparo emocional para sabermos. Portanto, cuide da sua mente antes de querer trocar borboletas por aí.

Um abraço!

Referências:

Bento, V.E. (2006). Toxin and addiction compared to passion and toxicomania: etymology and psychoanalysis. – https://doi.org/10.1590/S0103-65642006000100011

Buss, D.B. (1994). The evolution of desire: Strategies of human mating. New York: Basic Books.

Buss, D. M. (2000). Os perigos da paixão: Por que o ciúme é tão necessário quanto o amor e o sexo. (M. Campello, Trad.) Rio de Janeiro: Objetiva.

Meyer, M. (1994). O filósofo e as paixões. Esboço de uma história da natureza humana . Porto, Portugal: Asa.

26 janeiro
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6 exemplos de como melhorar a sua vida sexual

A vida sexual perpassa o autoconhecimento corporal, que abordei no texto anterior deste blog. Se você não leu ainda, recomendo fortemente a leitura, ele é bem curtinho e é o ponto de partida para o assunto de hoje que é sobre práticas que podem ajudar a melhorar a sua vida sexual. Aqui vão alguns exemplos de como fazer isso.

1- Estilo de vida com certeza é o pilar principal de uma vida sexual satisfatória.

Veja que usei a palavra pilar. Pilar é o que segura, sustenta. Sem um bom estilo de vida, provavelmente você vai achar que tudo que vou citar aqui não funciona. Então considere um bom pano de fundo para aplicação de melhorias. Saúde física entra no pacote também.

2- Saúde emocional em dia.

Sem saúde emocional não conseguimos viver uma boa vida sexual, mesmo que o ato sexual seja sem envolvimento. Boa parte da libido vem das emoções e a sustentação do ciclo de resposta sexual também tem a participação das emoções.

3 – Educação sexual de qualidade.

Não basta saber movimentar quadril e penetrar. Somos seres inteligentes que compartilha conhecimento e,graças a essa habilidade, evoluímos. Portanto invista em entender sobre sexo real, doenças, aspectos fisiológicos envolvidos e principalmente, não use pornografia como referência.

4 – Se tiver parceria fixa, cultive um bom diálogo.

No relacionamento não há como desvincular o sexo do bom andamento da relação. Então o envolvimento de vocês fora da cama vai ser decisivo no momento de intimidade. A comunicação sincera e assertiva é o que sustenta um bom relacionamento.

5 – Invista em novidade, mas ame o seu dia a dia.

Novidade ajuda muito na libido. Mas curtir seu dia a dia, seja se relacionando ou não, faz com que você veja beleza e desejo no que você já tem. Um bom exercício é a gratidão ‘não tóxica’ e verdadeira.

As novidades devem ser experimentadas pelo menos mentalmente antes de serem implantadas. Não vale fazer o que os outros fazem, precisa ter sentido para sua individualidade.

6 – Em casos complexos, procure ajuda profissional.

Disfunções sexuais apesar de pouco difundidas, possuem tratamento clínico. Psicólogos da área da sexualidade, fisioterapeutas pélvicos e da sexualidade e médicos, são bons exemplos de qual profissional procurar para começar a investigar.

Viver uma vida sexual saudável não é só questão de prazer, é questão de saúde geral. Por isso, invista em você!

Ficou com alguma dúvida sobre esse tema? Deixe aqui nos comentários que te respondo.

vida sexual

19 janeiro
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autoconhecimento corporal

Autoconhecimento corporal: você já ouviu falar?

Que eu falo de autoconhecimento o tempo todo, não é novidade para ninguém nas minhas redes! No geral falo no sentido emocional, no subjetivo mais profundo. Porém, dentro do autoconhecimento autêntico e completo está o autoconhecimento corporal também. Ele perpassa a sua consciência corporal, que tem a ver com saber dominar os movimentos, o alcance, a força, e vai até aos pontos de prazer e sensibilidade.

Pode parecer estranho, mas muita gente passa pela vida ignorando o autoconhecimento corporal. Estas pessoas geralmente experimentam a vulnerabilidade na saúde, afinal como falar com o médico o que sinto se não entendo meu corpo? E também vivem o prazer sexual de modo parcial, e até passivo, colocando no outro a responsabilidade pela própria satisfação.

Como saber que me conheço?

Quando nos conhecemos simplesmente sabemos. Mas alguns bons indícios reforçam isso, como saber falar os ‘nãos’ e se colocar em poucas ou nenhumas situações desrespeitosas. No sentido sexual, quem se conhece bem sabe o que pedir e o que fazer na hora H para ativar seus pontos, chegando a orgasmos cada vez mais intensos e com qualidade.

Fisicamente falando, traz muito mais benefícios sexuais inclusive. Afinal, quem se conhece consegue identificar os primeiros sinais de algum problema.

Como desenvolver o autoconhecimento corporal?

A melhor coisa, sem dúvidas, é você praticar alguma atividade física. Você ganha em saúde, em consciência corporal, em autoconhecimento e de “brinde” benefícios sexuais.

Quem pratica exercícios físicos regularmente consegue extrair o melhor do prazer que o corpo pode oferecer. Porque uma pessoa sedentária não transa direito, a libido não flui, o corpo não aguenta as intensidades e nem reage bem emocionalmente. E quando passamos a nos movimentar o corpo age melhor, igual ofuncionamento de uma máquina com as engrenagens lubrificadas e com a manutenção em dia.

Outra atividade prática é a auto observação. Preste atenção no que sente enquanto estiver na relação sexual com alguém. Os pontos de maior prazer te dão pistas de onde e como começar a explorar mais.

Você pode acrescentar, se isso não for um problema nos seus valores, o auto toque. Se tocar, não só no sentido de masturbação, mas de exploração do corpo mesmo. Onde é mais alto, mais baixo, cor dos órgãos, inclusive os mais escondidos como vagina, ânus (use um espelho) e outros.

A melhor intimidade é sempre com nós mesmos. Estar de bem consigo é sinônimo de bem-estar geral, de prazer. Não conhecer seu próprio corpo é como ter uma ferrari e esperar que outras pessoas a dirijam do jeito que você gosta. Não tem como. Explore sua máquina! Ela é a única coisa que você tem de concreto nessa vida.

autoconhecimento corporal

12 janeiro
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Vício em pornografia *: como identificar e tratar.

Vício, na origem da palavra, engloba tudo aquilo que é nocivo e mesmo assim é repetido de forma cíclica. No ciclo vicioso a coisa flui como uma roda gigante, uma coisa levando a outra, por exemplo o vício em cigarro. No ciclo vicioso do cigarro a pessoa fuma, se sente bem, passa algum tempo e sente necessidade de se sentir bem de novo e acende mais um. Outras coisas desencadeiam o comportamento de fumar, como stress e tédio, mas por trás do comportamento de fumar está sempre o desejo de “se sentir bem”. Pessoas viciadas perdem a autonomia sobre o desejo e por isso a sensação do automático. É o tal do: “quando eu vi, já tinha fumado”. Mas e o que isso tem a ver com vício em pornografia? 

O buraco é mais embaixo!

O vício em pornografia tem pormenores que o tornam mais difícil de prevenir, identificar e tratar. Primordialmente por conta do tema sexo ser tabu, ser tema velado e escondido pela sociedade no geral, tornando o acesso à educação sexual escasso e polêmico. E sem educação sexual, as pessoas, principalmente crianças e adolescentes, ficam à própria sorte com sua sexualidade. Diferente do cigarro, que existem inúmeras campanhas e informações que, apesar de ter reduzido o índice de fumantes e aumentado significativamente o número de pessoas buscando por tratamento (Pesquisa da Vigitel em 2021), mesmo assim algumas pessoas ainda se viciam.

Portanto, como vamos orientar sobre os malefícios de um tabu desse tamanho? Como vamos dar oportunidade para as pessoas solicitarem um tratamento? A resposta é: por “trabalho de formiguinha” como esse aqui. Provavelmente por isso que em consultório, a maioria dos casos de vícios em material pornográfico chegam quando os danos já estão extremamente altos.

Isso sem mencionar as condições e os motivos financeiros das produções pornográficas, pois não vou me estender.

Parecido com o cigarro, nosso exemplo de hoje, a exposição à pornografia gera prazer. Em 2023, num cenário pós-pandêmico e com acesso mais facilitado a esses materiais, acredito que o número seja maior ainda.

E como o vício em pornografia pode afetar o relacionamento?

Além da pessoa que tem vício em pornografia perder a autonomia a respeito da utilização, precisando desse estímulo para poder se excitar, principalmente na masturbação, a médio e longo prazo, isso pode trazer vários problemas ao relacionamento e à vida sexual.

Correlacionando com o cigarro, que pode acarretar várias doenças pulmonares, respiratórias e cardíacas, os efeitos colaterais da pornografia vão desde a insatisfação com o sexo da vida real, insatisfação com a aparência física da parceria, desvalorização do afeto na relação sexual, comprometimento da confiança, até um descontentamento generalizado com o relacionamento. Tudo depende de como esse vício se instalou e de qual espaço o sexo ocupa  nessa relação.

Também podemos observar efeitos psicológicos significativos, como aumento da agressividade (a pornografia é muito violenta, mesmo quando não mostra violência), ansiedade exacerbada, sintomas depressivos, dificuldade de tomada de decisões, desequilíbrio emocional, perda de interesse por estudos / trabalho, dentre outros.

O cérebro, simplesmente, não lida bem com vícios!

Mas como identificar se você está viciado em pornografia?

Alguns fatores podem dar indícios de que existe a possibilidade de um vício em pornografia instaurado. E ele pode ser leve, moderado ou grave dependendo do nível de danos que vem trazendo para a vida da pessoa. Vou citar alguns mais comuns:

  • Não consegue se masturbar, iniciar um ato ou manter excitação sem a presença de pornografia;
  • Com o tempo o sexo no relacionamento ficou sem graça;
  • Precisa cada vez mais de material diferente para se excitar, às vezes se assusta com o que assiste depois que termina a excitação;
  • Tem exigido da parceria algumas coisas que nunca foram interesse do casal;
  • Faz uso, pelo menos, semanalmente;
  • Às vezes assiste algo que recebeu no celular e quando percebe está em excitação ou se masturbando;
  • Precisa sair do convívio (trabalho, festas, etc.) para se masturbar, após ver algum material no celular de alguém ou sem querer;
  • Tem demorado mais para ter orgasmo na relação real;
  • Tem muito material salvo e não consegue se desfazer da maioria;
  • A parceira tem reclamado de um esfriamento ou distanciamento sexual;

Como tratar o vício em pornografia?

O melhor tratamento que existe para qualquer vício é o multidisciplinar. Por se tratar de um tema extremamente pouco difundido, não há um tratamento específico no SUS, inclusive a maioria dos planos de saúde ainda não dá a devida atenção à saúde sexual neste sentido. Porém, o serviço de psicologia, urologia, ginecologia e fisioterapia pélvica em conjunto, são o “padrão ouro” de tratamento no momento. Sugiro começar pelo profissional de psicologia que seja especializado em sexualidade para uma avaliação e início do contato com os outros profissionais. Para casos leves, alguns pacientes conseguem recuperar autonomia apenas com contato zero ou retirada gradativa do estímulo.

Vejo muitos profissionais, desinformados infelizmente, reproduzirem o discurso de que usar a pornografia como fator de excitação para o casal é algo benéfico. Eu inclusive no início da minha prática, antes de buscar evidências, reproduzi esse discurso.

Pornografia é como álcool na gestação: não há evidências de quantidade segura, porém existem muitas evidências dos malefícios.

No fim das contas, assim como o cigarro, a decisão inicial é nossa. As decisões seguintes podem não ser.

Quebre as correntes do vício em pornografia.

Fontes:

Donnerstein, E., & Linz, D. (1986) The question of pornography. Psychology Today

Genuis, M., Violato, C., & Paolucci, E. (1998). The effects of pornography on attitudes and behaviours in sexual and intimate relationships; National Foundation for Family Research and Education, Calgary

Gray, S. (1982). Exposure to pornography and aggression toward women: the case of the angry male.

The development of symptoms of tobacco dependence in youths: 30-month follow-up data from the DANDY study. Joseph R. DiFranza, Judith A. Savageau, Kenneth Fletcher, Judith K. Ockene, Nancy A. Rigotti, Ann D. McNeill, Mardia Coleman e Constance Wood, em Tobacco Control, vol. 11, no 3.

Zillmann, D., & Bryant, J. (1982). Pornography, sexual callousness, and the trivialization of rape. Journal of Communication

 

*Pornografia aqui engloba material de sexo explícito: fotos e filmes. Material erótico / não explícito como livros, filmes com teor sexual não entram nesta categoria.

5 janeiro
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Confiança no relacionamento: quanto custa?

Se tem um tema que permeia as terapias de casal, principalmente as de sexualidade, é o de traição. E não somente das que já ocorreram mas das que podem porventura ocorrer. Além de ser  a principal fonte de inseguranças e brigas nos relacionamentos, afeta diretamente a confiança na relação.

Muitas vezes, a traição é a ponta feiosa do iceberg.

Acontece que, ao longo de um relacionamento saudável, alimenta-se a segurança mútua à medida que nos conhecemos e optamos por confiar na pessoa amada. Em um curso saudável o ciúme não afeta, ou até parece não estar presente. Os laços formados se tornam cada vez mais fortes e a pessoa passa a fazer parte do desenho da vida do outro. Tudo isso é como se fossem depósitos em conta corrente. Constroe-se uma fortuna subjetiva.

Quando ocorre uma traição em um contexto assim, ela pode ser considerada como uma grande retirada, um saque gigante da conta corrente do amor. Porém os juros são altíssimos, tão altos que necessitam de empréstimos das contas pessoais (emocionalmente falando ok?!) e, em nossa sociedade monogâmica, poucos conseguem arcar com eles. Sem contar que o empréstimo nunca será devolvido (igual aquele dinheiro que você empresta para parente). Neste momento, quem traiu faz promessas, pede perdão e, por mais que tente se autoflagelar,  não consegue pagar pelo prejuízo do outro. Cada um com o seu.

Esse prejuízo pode se dar na forma de baixa autoestima, escravidão emocional do outro, sintomas psíquicos, alteração na dinâmica do relacionamento, entre tantas outras  formas.

O maior erro desse casal…

…é não sanar a raiz da traição e o que ela representou para o relacionamento. Ou seja, é fazer uma análise sobre a dinâmica pessoal do traidor (sim, a responsabilidade inicial é de quem trai) e da dinâmica do casal. Observe que quem foi traído participa dessa equação no quesito da dinâmica do casal. O traído pode ter a sua parcela de culpa sim (e geralmente tem em se tratando de relações funcionais), principalmente no que diz respeito a manutenção relacionamento.

O casal que negligencia isso e decide tocar a bola para frente praticando o perdão por si só, dificilmente vai encontrar uma dinâmica saudável dali para frente. Além da confiança ter sido abalada, que é uma das principais fontes de paz em uma relação, este casal corre um risco enorme de repetir os mesmos ciclos. Pode não culminar em uma traição novamente mas, absolutamente, a ferida na confiança será reaberta ou feita em outro ponto que antes era saudável. As rupturas vão ocorrendo como rachaduras em parede antiga.

Em um relacionamento saudável não deveria ter traição. Isso é fato! Mas para quem passou ou está passando por essa amarga experiência e deseja permanecer junto, ou pelo menos tentar ficar junto, a orientação é que  algo mude, nem que seja minimamente.

(Eu nem deveria escrever isso mas o óbvio, às vezes, precisa ser dito: ‘Pelamor’, tenha certeza que ambas as partes estão empenhadas. Não banque o ‘super salva pátria’ sozinho!)

Então, o que deve ser feito?

Elaborar um plano de ação apontando o que vai ser diferente dali pra frente:  como devem se  comunicar, onde cada um errou,  deixar as armas e acusações de lado e partir para o “mãos à obra”, dentre outras particularidades. Isso tudo com muita maturidade e responsabilidade afetiva.

Bora trabalhar para depositar mais ‘dinheiro’ na conta do amor  para tentar cobrir esse rombo. E sem dúvidas eu vou indicar que isso seja feito com auxílio de um psicólogo de casais, afinal, se é para tentar, que seja com as melhores estratégias existentes..

depositar mais 'dinheiro' na conta do amor 
Depositar mais dinheiro na conta do amor

 

Porém tenha em mente que esse conserto, esse ‘reset na relação’,  funciona uma ou no máximo duas vezes. Confiança é algo extremamente frágil em nossa psique.  Somos seres sociais e ser traído ou trair, mexe com as mais profundas das nossas estruturas emocionais. Fora isso, o mais indicado é aceitar que confiança não tem sete vidas , deixar o outro ser feliz em outra dinâmica ou seguir feliz com a sua (por mais que doa à primeira vista).

Acredite: um relacionamento doente, com a confiança avariada, vai refletir diretamente na sua qualidade de vida e na sua saúde. Não vale a pena! Ou você quer estar no Serasa da saúde emocional e do amor próprio, mendigando atenção, amor e carinho? Não, a conta não fecha. Seja inteligente e olhe com sobriedade para a sua realidade e seja muito feliz!

Tem mais assuntos como esse no meu canal do youtube e também no meu instagram @marcellepaganini. Bora seguir por lá também?

No mais, até o próximo texto!

30 dezembro
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E o seu relacionamento, como vai?

Recentemente fui convidada pelo Jornal A Tribuna para uma entrevista cujo assunto era divórcio. Se comparado com 2021, o ano de 2022 teve uma queda no número de separações. Existem algumas formas de saber se o seu relacionamento está desgastado e o que fazer para reverter a situação. 

Mas qual é o segredo para que um casamento dure? 

O principal é ter a individualidade em dia, estar com seu emocional saudável e fazer as suas próprias coisas, tornando você e o outro mais interessante. 

Um erro muito comum dos casais é se fechar para o mundo e  fazer tudo juntos. Abandonam os hobbies ou inserem a outra pessoa, não se permitem ter amizades além do convívio comum, criando assim uma cultura sufocante sem nem perceber.  Esse hábito torna o casal desinteressante e monótono e, consequentemente, com menos ou nenhuma energia para lidar com os impasses do relacionamento.

Como identificar quando o relacionamento não vai bem? 

São inúmeros os possíveis sinais, mas todos eles levam a um desconforto em relação à outra pessoa.  Um dos sinais mais comuns é não estar confortável na presença do outro. Por exemplo, preferir estar em qualquer lugar ou situação, menos sozinho com a pessoa.  

Outro indicativo comum é quando toda e qualquer situação vira um embate, demonstrando a falta de paciência entre o casal.  Não é que todo relacionamento seja um mar de rosas o tempo inteiro, mas, o modo de lidar com as discordâncias diz muito sobre a saúde daquela relação.  Porém é importante ter clareza e inteligência emocional ao analisar um desconforto antes de assumir como um sinal, para que ele não seja fruto de uma mazela emocional individual.

Quais hábitos podem ajudar a melhorar o relacionamento? 

É interessante que o casal equilibre a individualidade e os momentos juntos.  É bastante comum casais que fazem tudo junto mas nunca estão realmente juntos, olhando e vivendo seu próprio relacionamento. Esse tipo de casal usa os momentos a sós apenas para sexo, discussões e resolução de questões e raramente para curtir a presença um do outro. Este mesmo casal também não se permite ter momentos de lazer longe um do outro. Nunca estão juntos e nunca estão sozinhos no fim das contas.

Outro hábito importante é o diálogo. E nisso temos que aprender a língua, o dialeto, digamos assim, do outro. Temos que nos fazer compreendidos e, como o casal supostamente possui intimidade, é bem possível fazer isso.  O casal que se comunica com inteligência e clareza consegue criar espaço para a tão sonhada leveza no relacionamento, que é o ponto crucial para uma relação com parceria, amor, intimidade e felicidade.

Se o  relacionamento está dando sinais que não vai bem e o casal  perceber que não está conseguindo resolver sem ajuda, considerem fazer terapia. Juntos vocês podem encontrar a melhor solução para a relação.

A luz do fim do túnel no relacionamento
Casal caminhando no túnel.

Mais conteúdos sobre esse tema em https://marcellepaganini.com.br/artigos/

Notícia original em https://tribunaonline.com.br/cidades/casais-se-divorciaram-menos-este-ano-no-es-130159

28 setembro
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Como esquecer um ex bom de cama?

Muitas vezes temos experiências sexuais boas com pessoas não tão boas assim. Geralmente em um relacionamento onde a parte da cama era extremamente boa, mas o restante deixava a desejar. Após o término, vem uma decepção: o atual não proporciona as mesmas experiências, apesar de ser uma ótima pessoa. Como faz?

No causo da semana, eu orientei sobre um relato de uma pessoa com sentimento de que nunca mais seria feliz sexualmente como havia sido com o ex. E pelo relato dela, o atual a satisfaz muito nos outros aspectos, e apesar da química não ser ruim, ela ainda se sente receosa.

Dei uma resposta à luz da psicologia e da sexologia, e se você quer saber os pormenores, o vídeo está aqui:

Depois da orientação dada, venho trazer outras reflexões para sua vida sexual ser cada vez melhor seja lá com quem você esteja. Acredite, não existe essa de que vai ficar presa a algo inesquecível para sempre. Basta se abrir.

1 – Crie novas memórias!

Estude sobre o assunto, sugira novos hábitos, prove novas posições, lugares e sensações. Acredite, muita gente tem muito a ensinar na internet sobre isso. Quanto mais você testa, mais pistas o seu relacionamento vai receber de como é intenso e que vale a pena aquele tesão todo. E sim, desejo chama desejo. É comportamental, quanto mais se faz mais seu corpo quer. Se joga.

2 – Invista em um cheiro novo para a hora H.

Pode ser uma vela, um óleo, um aerossol, o que mais for do agrado de vocês. Mas esse cheiro deve existir a fim de criar uma espécie de gatilho na mente de vocês. O cheiro deve ser agradável aos dois e estar presente na maioria das relações sexuais de vocês (algumas rolam sem planejar, aí deixa né).

Isso funciona porque achamos que cada sentido funciona independente um do outro, o que não é verdade.

Nossa mente precisa de mecanismos de classificação e organização, colocando as memórias em categorias específicas e quanto mais sentidos estiverem envolvidos, mais fácil de ser lembrada, trazida à tona e mais fácil de ser associada.

Ou seja, mais marcante aqueles momentos serão!

3 – Não cometa os mesmos erros do passado.

Um hábito muito saudável de aprendizado mental é o de avaliar os próprios comportamentos após o encerramento de um ciclo. Não no sentido de se martirizar do que poderia ser diferente, mas de aprender com os próprios erros. Nem que seja o erro de deixar certo tipo de pessoa se aproximar de você. Te falo isso porque, quando você estiver perto de sentir algo marcante novamente, automaticamente sua mente vai puxar algumas “memórias” que podem te levar a agir como se ainda estivesse na relação antiga.

Isso tudo é adaptativo, é aprendizado, mas no sentido de te dar mais prazer vai acabar limitando sua relação. Observe seus comportamentos, diga para você mesma como deseja agir daqui para frente, assim você reduz bastante sua chance de cair em uma armadilha do seu cérebro.

Se ficou confusa essa parte, ou se acha impossível, recomendo que busque ajuda de um psicólogo comportamental. Ele vai te explicar como isso se aplica a você e como você pode fazer dentro do seu contexto.

4 – Se abra para surpresas.

Temos o péssimo hábito de ver uma situação nova, ou possível mudança e querer já controlar tudo. É um: “ai, esse tipo de coisa eu não gosto”; ou: “nossa eu odeio tal coisa, sabe”. Isso nos limita muito. Em um momento que queremos que a vida seja melhor, principalmente sexualmente falando, devemos estar disponíveis a aceitar as possíveis surpresas da vida. E surpresa só vem quando não estamos no comando querendo controlar todas as variáveis possíveis com o nosso querer.

Quando nos tornamos flexíveis e disponíveis para avaliar, sentir, desejar, aumenta em 100% a chance de uma surpresa, contra 0 quando controlamos. (ah 0,5% vai).

 

Enfim, espero que sua jornada de descoberta e de aprendizado esteja apenas começando e que esse texto tenha contribuído de forma positiva para o seu crescimento não só sexual, mas emocional também. Afinal, sexualidade é emoção pura.

Estou disponível nas principais redes sociais! Um abraço e até o próximo texto!

Marcelle Paganini – Psicóloga (Crp 16/4664)

22 março
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Ferramenta prática para otimizar o sono

Uma vida sexual saudável (meu principal tema aqui), precisa de um estilo de vida para sustentar. E uma vida saudável é impossível sem o sono. Dormir é tão, ou até mais importante que qualquer outra atividade do seu dia. Esta ferramenta foi pensada principalmente nas mulheres, que tendem a acumular funções e descuidar do sono. Inclusive faz parte da nossa programação nas redes sociais do mês da mulher.

É durante o sono de qualidade que preparamos nossas atividades neurais para o dia seguinte. Não adianta ir contra a natureza e abrir mão de boas horas de sono. O outro extremo também é ruim, não adianta querer dormir horas a fio se não há qualidade.

Como tem sido seu sono?

Se você sempre acorda com a sensação de ter sido atropelado por um caminhão, é provável que seu sono precise de cuidados, inclusive médicos e psicológicos.

No meu consultório, ao avaliar a rotina dos pacientes sempre verifico a quantas anda o sono da pessoa e peço para que monitorem. E em todas ferramentas que uso para o sono, existe esse checklist da higiene do sono.

A higiene do sono

Higiene do sono é como escovar os dentes. Você vai limpar a sua mente para conseguir o máximo daquele momento para que consiga ter um dia satisfatório.  Cada pessoa desenvolve o seu ritual antes de dormir, inclusive quem tem filhos pequenos tem conseguido tirar o máximo das poucas horas de sono que essa fase proporciona.

 

Este checklist é o que está presente na maioria das ferramentas que meus pacientes fazem uso.

 

Com essa lista na mão, você vai reservar 5 minutos antes de dormir para executá-la. Ela deve ser sua última atividade do dia, caso contrário perde o efeito de “limpeza”.

Recomendo que seja impressa ou escrita tendo em vista que o celular é uma distração bastante forte.

 

Antes de começar,

entenda que tudo que você faz horas antes do sono pode afetá-lo. Não se alimente de comidas pesadas, gordurosas, doces ou estimulantes antes de dormir. Algumas pessoas são mais sensíveis que as outras, entenda seu tempo. Eu por exemplo evito cafeína depois das 17h caso contrário demoro a dormir.

 

Para cada item feito, você vai marcar um X na lacuna e dar uma nota de 0 a 10, onde 0 é insatisfatório e 10 muito satisfatório. Se perceber que a nota 0 tem aparecido demasiadamente, procure tratar as questões que não o deixam completar a tarefa direito.

 

Existe uma lacuna em branco para que você acrescente algum outro hábito de sua preferência.

 

Executando a ferramenta

O próximo item é a higiene do corpo. Alguns tomam banho morno (nada de banho gelado, ele tende a te despertar), outros apenas lavam o rosto e todo mundo escova os dentes(!). Neste momento você deve se livrar de distrações e concentra-se no que está fazendo. Sinta a escova de dentes limpando seus dentes, enquanto começa a tomar conta da sua respiração. Tomar conta da respiração é perceber o vai e vem dela e ditar um ritmo mais lento e calmo possível.

 

Depois, você vai preparar seu quarto. Verifique a presença de luzes artificiais e possíveis perturbações no quarto. Preparar o ambiente faz com que seu cérebro entenda que o momento está por vir. Enquanto organiza, mentalize você dormindo um sono profundo reparador. Quanto mais escuro melhor a melatonina (hormônio do sono) é processada. Evite roupa de cama com cheiros fortes, ásperos ou sujos e cuide do conforto da sua cama. Você passa muito tempo da sua vida nela.

 

Dica para os casais:

Especialmente os casais tem uma dificuldade neste momento. É ideal que ambos possuam um acordo. Ou dormem no mesmo momento ou o outro aguarda de 40 minutos a uma hora e meia para adentrar o quarto. Um tempo menor que esse pode tirar da pessoa o momento do adormecimento, que é muito importante.

 

Depois sua tarefa é sentar-se na sua cama e anotar tudo que tem para fazer no dia seguinte, de modo que haja um compromisso com você mesmo de que aquilo vai ocorrer. Caso contrário, as coisas do dia seguinte podem insistir em aparecer no seu sono.

 

Caso tenha o hábito da leitura, este é um momento muito bom para ler algo leve. Utilize uma luz fraca, como um abajur ou um aparelho próprio de leitura como o kindle. Controle sua respiração até se sentir sonolento.

 

Caso não tenha o hábito da leitura, fazer uma prece ou mentalizações leves ou até meditações podem ajudar neste momento. Evite deitar direto sem antes fazer alguma atividade mental. Pensar em ter um bom sono, mentalizar que está dormindo ajuda bastante. Deite-se quando o sono estiver fechando seus olhos. Este item do checklist você assinala antes de iniciar e a nota você atribui no dia seguinte ao se levantar ou antes do novo momento de dormir.

Bom sonhos!

Tendo esses simples hábitos diariamente você conseguirá melhorar significativamente a qualidade do seu sono. Ressaltando que este material é apenas um agregador, um plus, de todo um conjunto. Não se aplica a patologias do sono que devem ser tratadas por especialistas nem a casos ansiosos extremos, depressivos dentre outros. Ajuda personalizada de um especialista é sempre mais assertivo.

Espero que goste do resultado. Basta salvar e imprimir ou anotar em um papel.

Até mais!

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