23 fevereiro

Emoções: para lidar com elas, permita-se senti-las

Um aspecto muito curioso sobre as emoções é que quanto mais desejamos não senti-las, mais elas afloram, mais elas querem sair. Te explico.

Já reparou que somos seres que vivemos de ciclos? O sono é um bom exemplo. Ficamos um tempo acordados, a energia do corpo vai acabando e dormimos. Neste momento de sono, o cérebro inicia uma espécie de faxina, com bastante água (líquor) a fim de consolidar o aprendizado do dia e renovar as baterias para o dia seguinte. Não é à toa que se chama ciclo circadiano.

Qualquer outra questão na nossa vida também precisa de ciclos. Em proporções às vezes menores, outras maiores, mas pode reparar, precisamos dos ciclos. E, na área emocional, não é diferente. Uma emoção quando disparada pela nossa mente, é uma resposta a alguma coisa que está acontecendo ou que, pelo menos, achamos que esteja acontecendo. Essa emoção precisa achar um lugar para cumprir o seu ciclo.

Vamos usar como exemplo a tristeza.

Digamos que você passou por uma situação que te provocou tristeza no trabalho. Tal situação foi o gatilho externo e a resposta emocional foi o sentimento de tristeza (resposta interna). O curso natural dela é ser expressada de alguma forma, seja chorando, ficando em quietude, escrevendo um e-mail dizendo como se sente e por aí vai. O tempo que leva para a emoção ser dissipada depende do tamanho do tamanho do impacto que causou e como causou. Terminado o ciclo, ela segue seu caminho de onde veio: para fora.

Agora digamos que você não acha legal ficar triste por esse tipo de coisa. Você pode criar mecanismos de fingimento, pode tentar “engolir” o que sente, dentre outras estratégias. Assim, você estará quebrando o ciclo da emoção. Neste cenário, quanto mais o tempo passa, mais aquilo ali cresce, inflama, apodrece e toma proporções imensas até conseguir sair. Mas neste caso, a questão já tomou uma forma tão estranha, que  você não sabe mais de onde veio e nem para onde vai, aumentando as chances de um descontrole.

Claro que você pode esperar chegar em um lugar ou estar com pessoas que vão te entender , para se permitir sentir e expressar o sentimento. Mas pense que se você guardar a emoção por considerá-la sem importância, com o tempo, o que era apenas algumas horas no colo de alguém,  pode virar muitas lágrimas “sem motivo”, por dias a fio ou até se transformar em sintomas patológicos: a famosa somatização.

Lidar com emoções não é tarefa tão simples como estou ilustrando, mas o princípio que as rege, de forma resumida, é assim. E você compreendendo isso se torna capaz de administrar qualquer emoção de forma muito fluida e realista.

Toda emoção merece atenção!

Estamos vivendo micro-ciclos o tempo todo e aquele que não é fechado, é contornado, e contornos podem não te levar a lugar nenhum. Já tentou contornar um local com várias vias fechadas? No caso das emoções você nunca chega no destino, está sempre dando voltas. E não pense que isso só acontece com emoções consideradas ‘ruins’  pelo senso comum. As emoções queridinhas, como alegria, paz, euforia devem também receber a dádiva do fechamento de seus ciclos. Está feliz? Expresse!

A emoção é o que nos faz humanos. Compreender e conviver com elas de modo saudável, torna a vida muito mais leve. Aliás, saúde mental é a maior riqueza que você pode dar  a você e para quem você ama.

Emoção é o que nos faz humanos

Qual a forma mais saudável de dar vazão às emoções?

Perdoando!  É se punir menos e e ser mais compreensivo consigo. E isso é diferente de ter indisciplina, de ser despreocupado, pelo contrário, te torna mais inteligente,  emocionalmente falando. É pegar leve com você, por mais que tenham te ensinado ou exigido o contrário.

Dar vazão é diferente de agir por impulso ou largar a consciência de lado, longe disso. Não devemos confiar cem por cento nas emoções. Elas nos dão indícios, elas querem cumprir o ciclo, mas quem decide e age somos nós. Por isso saúde emocional produz saúde emocional e o contrário também (mais um ciclo aqui ó)!

Por essa razão,  quando uma emoção que você, na sua consciência, considera indesejável, aparecer, experimenta olhar para ela. Não empurra e nem tente não sentir pois, nesse caso, ela vai dar uma volta e reaparecer. Veja para onde ela quer ir, o que ela quer dizer, onde precisa de amparo, de conserto ou de acolhimento. Tenho certeza que você vai iniciar um novo relacionamento com você e seus sentimentos.

Vou fechar esse texto com a frase de um quadrinho aqui do meu consultório: “Amar a si próprio é o início de um romance para a vida toda”. Não conheço o autor, mas ele foi perfeito na colocação. Quem se ama, se aceita! Bora aceitar seus sentimentos e fazer cumprir os ciclos?

Obrigada e até o próximo texto.

 

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